terça-feira, 10 de agosto de 2010

Africanos no Brasil

DOMINAÇÃO


Os africanos não vieram para a América de livre espontânea vontade, foram trazidos para cá para trabalhar como escravos. Com o avanço das plantações de cana-de-açúcar no Nordeste, na metade do século XVI, os africanos começaram a entrar no Brasil sistematicamente e em maior número.


DE ONDE ERAM?


Eram povos de diferentes lugares da África, com características físicas e culturais próprias, e trouxeram consigo hábitos, línguas e tradições que marcam profundamente nosso cotidiano. A maioria dos africanos entrados no Brasil saiu da região localizada ao sul do Equador, pelos portos de Benguela, Luanda e Cabinda. Outra parte considerável saiu da Costa da Mina, pelos portos de Lagos, Ajudá e São Jorge da Mina. E um número menor saiu pelo portos de Moçambique.


No Brasil os africanos não eram chamados por sua etnia, mas sim pelo nome do porto ou da região onde haviam sido embarcados. Um africano da etnia congo, por exemplo, era chamado aqui de cambinda, se esse fosse o nome do porto africano  de onde ele houvesse embarcado. Outro exemplo: os diferentes povos embarcados na Costa da Mina ( África Ocidental ) eram chamados simplesmente de minas.



GUERRA E ESCRAVIDÃO

Conseguir pessoas na África para vendê-las na América foi um negócio altamente lucrativo, que durou mais de trezentos anos. Desse negócio participaram europeus, africanos e brasileiros de diferentes condições sociais. Entenda seu funcionamento acompanhando este esquema:

PASSO 1: Os traficantes forneciam tabaco, aguardente, pólvora e, sobretudo, armas de fogo aos chefes africanos; em troca, exigiam prisioneiros de guerra.

PASSO 2: De posse dessas armas, os chefes africanos faziam guerras e obtinham prisioneiros.

PASSO 3: Os prisioneiros eram negociados om os traficantes, que os vendiam na América com escravos.
Instalou-se, assim, na África, um verdadeiro círculo vicioso: faziam-se guerras para obter prisioneiros, que eram trocados por armas de fogo e pólvora, usadas em novas guerras. A consequência mais trágica da chegada dos europeus ao continente africano foi justamente o surgimento de um novo tipo de guerra entre os povos locais: a guerra para obter e vender pessoas e traficantes especializados.

OS AFRICANOS E SUAS CULTURAS

Para o historiador João José Reis, enquanto durou o tráfico, as Américas receberam cerca de 15 milhões de africanos; 40% deles ( 6 milhões ) foram trazidos para o Brasil. Esses africanos trouxeram consigo não apenas sua força de trabalho, mas também suas culturas, que hoje fazem parte de nossos modos de viver, pensar e sentir. Três dessas culturas merecem especial atenção: a cultura jeje, com forte presença no Maranhão; a cultura iorubá, presente na Bahia; e a cultura banto, presente em todo o território brasileiro, especialmente na região Sudeste.


A TRAVESSIA

Nas fortalezas do litoral africano, homens, mulheres e crianças eram forçados a embarcar em navios pequenos e frágeis, conhecidos como navios negreiros. A viagem das praias da África Ocidental para o Brasil durava de 30 a 45 dias, conforme o lugar de partida e chegada. As condições de viagem eram péssimas, a comida era pouca e de má qualidade. As pipas de água também eram poucas, para não ocupar lugar no navio. Assim, cada escravo recebia apenas um copo a cada dois dias. Alguns bebiam água do mar e adoeciam.

Os africanos chegavam ao litoral brasileiro confusos e cansados, sem saber onde estavam. Nos mercados do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís eram examinados, avaliados e comprados. Um homem adulto valia o dobro de uma mulher e, geralmente três vezes maior que uma criança ou um idoso. Como propriedade de outra pessoa, os escravizados podiam ser vendidos, alugados ou leiloados para pagar dívidas de seu dono. Não tinham nem mesmo o direito de manter o próprio nome, recebendo um nome português.

O TRABALHO

Os escravizados trabalhavam de 12 a 15 horas por dia: começavam entre 4 e 5 horas da manhã e iam até o anoitecer. Por vezes, as manhãs dos feriados e domingos eram usadas para conserto de cercas, estradas e outros serviços. O homem trabalhava como agricultor, carpinteiro, ferreiro, pescador, carregador e em várias outras funções. A mulher cultivava a terra, cuidava dos doentes, colhia e moía a cana, lavava, passava, fazia partos, vendia doces e salgados, etc.



Entre os trabalhadores afrodescendentes havia também libertos, nome que se dava aqueles que haviam conseguido a carta de alforria documento de libertação obtido geralmente após longos anos de trabalho.

A ALIMENTAÇÃO

Nas grandes fazendas, a maioria dos escravizados recebiam uma cuia de feijão e uma porção de farinha de mandioca ou milho. Vez por outra, recebia também toucinho, rapadura e charque ( que conforme, a região, tinha o nome de carne-seca, carne do sul, carne do ceará, etc). De modo geral, a alimentação dos escravizados era insuficiente e pobre de vitaminas, o que acarretava sérios problemas de saúde e envelhecimento precoce. Muitos eram descritos como tendo 60 anos, quando tinham de fato entre 35 e 40.

A VIOLÊNCIA

Os escravizados eram vigiados de perto por feitores que, quase sempre, os castigavam por qualquer falta, como fazer uma pausa para descanso ou se distrair no trabalho. Os castigos eram muitos, como a palmatória,  a gargalheira, a corrente com algemas e a máscara de flandres. VEJA alguns abaixo:





RESISTÊNCIA

Nenhum grupo humano jamais aceitou ser escravizado. Onde houve escravidão houve resistência. No Brasil, não foi diferente. Havia razões de sobra, tais como excesso de trabalho, disciplina rigorosa, castigos e o fato de o senhor não cumprir com a plavra, negando liberdade ao escravizado que conseguia  juntar dinheiro para comprar sua carta de alforria. Nesses casos, era comum o escravo fugir.
Os escravizados, por sua vez, desenvolveram várias formas de resistência. A capoeira, por exemplo, foi uma delas. Dança e luta ao mesmo tempo, a capoeira foi uma forma de diversão e defesa desenvolvida no Brasil pelos africanos escravizados e seus descendentes. Hoje essa importante expressão cultural afro-brasileira é reconhecida tanto no Brasil como no exterior.


Os africanos e seus descendentes resistiam também desobedecendo, fazendo corpo mole no trabalho, quebrando ferramentas, incendiando plantações, suicidando-se, agredindo feitores e senhores, negociando melhores condições de vida e trabalho, fugindo sozinhos ou com companheiros e formando quilombos.

O Quilombo dos Palmares

O maior e o mais duradouro de todos os quilombos brasileiros foi o dos Palmares. Teve  início numa noite de 1597, quando cerca de quarenta escravizados fugiram de um engenho do litoral nordestino e refugiaram-se na Serra da Barriga, região montanhosa situada no atual Estado de Alagoas. Como se o lugar possuía grande quantidade de palmeiras, chamou-se Palmares.
Nos primeiros tempos, a população palmarina não era tão grande. Mas, com as invasões holandesas no Nordeste (1624-1654), desorganizou-se a vida nos engenhos, a vigilância diminuiu e os escravizados aproveitaram para fugir. Segundo João José Reis, nesse período o quilombo chegou a ter cerca de 15 mil habitantes. Os africanos e seus descendentes eram maioria, mas em Palmares havia também brancos pobres e indígenas expulsos de suas terras pelos colonos.
Os palmarinos viviam em liberdade e a seu modo, num conjunto de povoações chamadas mocambos. Para sobreviver, plantavam milho, feijão, mandioca, batata-doce; criavam porcos e galinhas; caçavam cotias, raposas, tatus; confeccionavam objetos de cerâmica, palha trançada e madeira; e faziam vasos, enxadas, pás e pilões. Geralmente, a produção de cada guerra, colheita ou festa, ou para serem trocadas nas vilas mais próximas. como Porto Calvo, Serinhaém e Alagoas.

A GUERRA

Palmares sempre tirou o sono dos senhores de engenho luso-brasileiros e das autoridades portuguesas. Para eles, Palmares era um mau exemplo para os escravizados. Por isso, desde cedo, os poderosos enviaram expedições contra o quilombo.
As primeiras expedições oficiais contra Palmares foram derrotadas pelos quilombolas. Durante a guerra, um jovem guerreiro nascido em Palmares começou a se destacar por sua liderança e firmeza. Seu nome era Zumbi.
A guerra prolongou-se por dezenas de anos. Decididas a vencer a forte resistência palmarina, no início da década de 1690 as autoridades contrataram o mercenário Domingos Jorge Velho para comandar a destruição de Palmares. Jorge Velho aceitou, mas em troca exigiu um quinto do valor dos quilombolas aprisionados, quinhentos mil réis, em panos e roupas, cem mil em dinheiro vivo e o perdão pelos crimes que havia cometido.
Houve inúmeros ataques fracassados, mas a superioridade militar, a abertura de novos caminhos até Palmares e o maior conhecimento da Serra da Barriga desequilibraram  a luta em favor dos mercenários. Jorge Velho e seus 6,5 mil homens derrubaram, com balas de canhão, a enorme muralha de madeira que os palmarinos haviam erguido em volta de sua capital,  e o combate se transformou num massacre.
Em 6 de fevereiro de 1694, a capital de Palmares foi incendiada. Depois, os demais mocambos também foram destruídos. Zumbi, ferido em combate, conseguiu escapar e resistiu por vários meses. Mas depois, traído por um homem de sua confiança, foi morto em 20 de novembro de 1695.
Em 1978, a comunidade negra brasileira transformou o dia 20 de novembro em Dia Nacional da Consciência Negra. Ou seja, um dia para refletir com profundidade sobre o racismo no Brasil e buscar formas de superá-lo, afim de que possamos viver em uma sociedade mais justa.

20 de Novembro: data do aniversário da morte de Zumbi

Remanescentes de quilombos

No Brasil de hoje ainda existem povoações habitadas por descendentes dos antigos quilombolas. Espalhadas por todo o território nacional, essas comunidades são chamadas de remanescentes. São mais de oitenta mil pessoas vivendo de um modo parecido com o de seus antepassados. Em algumas dessas comunidades, a língua falada conserva termos africanos.
A constituição brasileira de 1988 reconheceu a propriedade definitiva das terras ocupadas por comunidades quilombolas. O artigo 68 diz: "Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo os Estados emitir-lhes os títulos respectivos".
Até agora foram concedidos poucos títulos de propriedade, pois há grande dificuldade em documentar a posse da área de forma juridicamente aceita. Além disso, muitas dessas terras são cobiçadas por fazendeiros e, por vezes, estão localizadas em áreas de mananciais e reservas de extração vegetal e mineral.
Muitos habitantes das atuais comunidades quilombolas vêm travando uma luta árdua para reunir provas que são descendentes de escravizados e de que as terras em que vivem lhes pertencem.


Livros:

  • TINHORÃO, José Ramos. Os sons dos negros no Brasil. SP 2008.
  • YAZBEC, Mustafá, Bandeirantes. SP 2008


Sites:

  • Museu afro brasileiro: disponível em: 
  • www.museuafrobrasileiro.com.br
  • Brasil 500 anos: disponível em: www.expo500anos.com.br


Filmes:

  • Barravento. Direção de Glauber Rocha. Brasil 1961
  • O fío da Memória. Direção de Eduardo Coutinho. 1991









50 comentários:

  1. e muito bom me ajudou muito na prova de história

    ResponderExcluir
  2. e muito bom me ajudou muito na prova de história

    ResponderExcluir
  3. Você devia se envergonha, seu blog é todo copia do livro História Sociedade e Cidadania de Boulos Junior. Paginas 14 a 19. É crime se apropriar do trabalho alheio. Sabia?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. não é crime quando se deixa os créditos embaixo ...

      Excluir
    2. E você deveria se ENVERGONHAR com seu português e outra esse blog ta muito mais simplificado, você não sabe se este blog está com parceria com algum dos sites
      Antes de falar algo tenha certeza. Se é copia ta fazendo o que aqui meu amigo?

      Excluir
    3. kkkkkkkkkkkkkkkkk pelo menos me ajudou muito no trabalho de historia n a motivo para ter vergonha disso........... agora sai da qui seu lixo

      Excluir
  4. Só sei que é muito bom estar revivendo a história do meu povo,para que nunca se esqueça de como tudo começou e que ainda não terminou.

    ResponderExcluir
  5. Só sei que é muito bom estar revivendo a história do meu povo,para que nunca se esqueça de como tudo começou e que ainda não terminou.

    ResponderExcluir
  6. Deveria escrever sobre a escravidão dos povos brancos, principalmente dos judeus, que foram escravizados durante centenas de anos e depois e expulsos de sua pátria, onde viveram durante 1948 anos sem pátria, espalhados pelo mundo. O povo judeu nunca se fez de vítima, e onde os judeus se estabecem, sempre estão dominando o comércio, imprensa, e etc.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. OS JUDEUS BRANCOS, FORAN ESCRAVIZADOS POR 10 ANOS
      ENQUANTO OS NEGROS FORAN ESCRAVIZADOS POR 400 ANOS
      SIMPLES COMPARACAO
      QUEM ESCREVE E BRANCO .

      Excluir
  7. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  8. eu estava procurando algo pra aprimorar o meu trabalho de história, e venho aqui, e me deparo com as mesmas coisas que tem no meu livro

    ResponderExcluir
  9. Boa noite,
    Gostei muito do material, pois estou dando aula de civilizacao na Universidade de Cocody, em Abidjan, na Costa do Marfim e aqui nao temos material. A universidade nao tem sequer uma biblioteca, entao, utilizei seus dados para melhorar nosso trabalho das migracoes para o Brasil. Obrogado!

    ResponderExcluir
  10. Que eu fico muito desgraçado de raiva e os negros de hoje não luta pela seus direitos como moradia educação de qualidade saúde Tudo que que o Brasil tem hoje é graças ao trabalho escravo do negros Outro exemplo o Vaticano Portugal e outros países Eles são ricos porque roubaram as riquezas dos pais africanos e Brasileiro E entre outras quantas pessoas morreram para isso???

    ResponderExcluir
  11. Agradeço imensamente pelo material aqui exposto...me ajudou muito ..Deus te abençoe e que tenhas sempre disposição para ler e aprender e deixar aqui no seu blog pra gente ...obrigado

    ResponderExcluir
  12. Incrivel me ajudou munto no meu trabalho e para eu saber mais da nossa história. Dou 10 !!

    ResponderExcluir
  13. esse site me ajudou muitooooooooooooooooooooooo <3

    ResponderExcluir
  14. esse site me ajudou muitooooooooooooooooooooooo <3

    ResponderExcluir
  15. Vivo em busca de minha Identidade.
    De meu antepassado só conheço de meus avós paternos assim como meus avós materno. Nada Mais! Isto me angustia muito. Por isto estou sempre acessando blogs, paginas, Sits para ver se encontro algum vestígio de minha identidade! Moro Em MG. Ouvi sempre meu avô paterno mencionar os nomes São Felix, Pompeu que era onde ele vivia. Se alguém tiver alguma pista.Minha hipótese é que os meus vieram da região do nordeste do Brasil!

    ResponderExcluir
  16. Vivo em busca de minha Identidade.
    De meu antepassado só conheço de meus avós paternos assim como meus avós materno. Nada Mais! Isto me angustia muito. Por isto estou sempre acessando blogs, paginas, Sits para ver se encontro algum vestígio de minha identidade! Moro Em MG. Ouvi sempre meu avô paterno mencionar os nomes São Felix, Pompeu que era onde ele vivia. Se alguém tiver alguma pista.Minha hipótese é que os meus vieram da região do nordeste do Brasil!

    ResponderExcluir
  17. Eu sinto mito por tudo isso que passaram o povo africano, muito triste.

    ResponderExcluir
  18. Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito boooooooooooooooooooooooooom

    ResponderExcluir
  19. parabéns esse resumo me ajudou até de mais. uma obra mesmo. O assunto de vou fazer um projeto...

    ResponderExcluir
  20. Muito legal💖💖 parabéns. Vai me ajuda muito na prova de historia.

    ResponderExcluir
  21. Parabéns, ótimo texto me ajudou muito.
    Obrigado

    ResponderExcluir
  22. Amuitooo bom mim ajudou muito mesmo no trabalho de história parabéns pelo site

    ResponderExcluir
  23. Gostei muito do texto vou usar para exposição em um anivesario africano

    ResponderExcluir